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"O som e a fúria". Por Cora Ronai
Assisti a entrevista de Marília Gabriela com o pastor Silas Malafaia, que está dando o que falar na internet. Há muito tempo não ouvia um discurso tão retrógrado e intolerante.
Gosto de imaginar que progredimos como sociedade, e que já superamos certas barbaridades, mas a voz do pastor me remeteu à Idade Média. Ela é a mesma dos juízes do Santo Ofício, que usavam Deus e a Bíblia para justificar a ignorância e a violência.
E fiquei me perguntando: para que entrevistar Silas Malafaia? Para que abrir espaço num canal supostamente laico para uma mente tão obscurantista?
Dá Ibope? Isso nem se discute. Eu mesma só assisti à entrevista depois de ver a sua repercussão na rede. Sob este aspecto, ela foi um retumbante sucesso.
Mas será que este deve ser o único valor em consideração? Tenho minhas dúvidas. Não acho que uma boa audiência seja motivo justo para levar ao ar discursos de ódio.
Já dizia o Millôr: não se amplia a voz dos idiotas.
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